26 Septembre 2016
« Em menos de cinquenta dias saberemos quem será o próximo presidente dos Estados Unidos. Sinal da confusão dos espiritos e o crescimento do medo, em Washington, especialistas sérios se perguntam quais serão as medidas tomadas por Donald Trump nos cem primeiros dias do “seu mandato”.
A realidade tornou-se mais incrivel que a ficção. Nenhum roteirista das séries de TV não ousariam propor um personagem tão politicamente incorreto como Trump. Mesmo Franck Underwood, o heroi da série “House of cards”, aparece como uma mistura entre kant e Lincoln, comparado ao homem que se prepara para tornar-se o proximo inquilino da Casa Branca.
Como pudemos chegar até aqui. Ha menos de 25 anos, depois da queda do Muro de berlim, o filosofo Americano Francis Fukuyama anunciava o “fim da história”. No dia seguinte de uma hipotética eleição do Donald Trump, falaremos sobre o “fim da democracia”.
A eleição eventual de um populista caricatural e isolacionista que se assemelha cada vez mais a uma versão «reality show » de um Mussolini americano, constitui o mais grave desafio que o mundo democratico enfrentará desde o final da Segunda Guerra. Aquilo que nem os soviéticos ontem, nem os terroristas hoje conseguiram realizar, poderá ser concretizado através do voto democratico. A destruição da democracia da primeira potência mundial. Se a disfunção da democracia pode conduzir alguém como Trump ao poder, por que não escolher regimes autoritarios, que pelo menos guardam uma certa “coerência » além de «eficácia ». Não é preciso ter um cerébro de gênio para entender o apoio de Vladimir Putin ao candidato dos Republicanos. O mestre do Kremlim, no seu desprezo total do modelo democratico, entendeu que a eleição do Donald Trump constituirá um presente dos céus. A prova de que os deuses do despotismo perceberam que esse é o momento de voltar depois de pouco mais de dois séculos « um pouco dificies » em que reinaram o espirito das luzes.
O referendo inglês sobre o Brexit foi apenas um « aviso » comparado ao Tsunami Donald Trump. Em caso de vitória do Trump no próximo dia 8 de novembro, a história ensinará aos nossos netos que esses dois eventos foram o resultado de uma mistura explosiva entre medo e nostalgia.
Como chamar de volta para a realidade aqueles eleitores e simpatizantes do Donald Trump, que desejam gritar sua cólera, seus medos ou simplesmente sua vontade de destruir tudo, decepcionados pela democracia liberal e o capitalismo globalizado que contribuiu com o aumento das inegalidades, enfraquecimento da classe média, atenuação da divisão classica entre esquerda e direita, tendo como consequência direta o reforço e crescimento da extrema-direita e extrema-esquerda.
Eis o contexto onde tudo é possivel e impensável, é o futuro da democracia que esté em jogo. » - Fabien Clairefond – Les Echos – 23/09/2016. * Tradução by Marcos Machado